PHDA – Estado de Arte

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento, tendo uma prevalência de 5% a 7% e sendo uma das condições de saúde mental mais comuns em crianças. Podem existir diferentes subtipos caracterizados por diferentes alterações, a nível do comportamento e cognição. Assim, de acordo com as alterações cognitivas e comportamentais, esta perturbação pode ser classificada em subtipo hiperativo/impulsivo, subtipo desatento ou subtipo combinado.

Geralmente constatam-se alterações cognitivas a nível da capacidade de foco e manutenção da atenção (seletiva, dividida ou sustentada) e do funcionamento executivo, exibindo por vezes dificuldades na memória de trabalho (verbal e visuoespacial) e planeamento.

Adicionalmente, crianças com esta condição clínica podem revelar dificuldades na regulação emocional, tomada de decisão, flexibilidade cognitiva e controlo inibitório, com impacto negativo significativo na vida académica e profissional bem como dificuldades na interação social, o que pode conduzir a estados depressivos e de ansiedade, consumo de substâncias e criminalidade.

Deste modo, torna-se essencial que a intervenção seja multidisciplinar e realizada precocemente, com o objetivo de atuar nos diferentes contextos (emocional, cognitivo e comportamental; familiar; social; académico/profissional). As evidências científicas apoiam que os resultados são mais promissores quando realizadas intervenções que combinam estratégias, particularmente nas áreas psicoeducacional, comportamental e tecnológica. Compreende-se assim a necessidade de um trabalho multidisciplinar para intervir junto desta perturbação do neurodesenvolvimento.

Deste modo, de forma a eliminar outras perturbações ou sintomas “mascarados”, deve ser realizado um diagnóstico diferencial através de uma avaliação clínica e técnica, englobado entrevista clínica, observação direta do comportamento, questionários direcionados à PHDA, avaliação neuropsicológica e avaliações complementares (ex.: EEG, terapia da fala, terapia ocupacional).

Na NeuroVida dispomos de um programa desenvolvido particularmente para avaliação e intervenção com crianças diagnosticadas com Perturbações do Neurodesenvolvimento, entre as quais crianças e jovens com diagnóstico de PHDA. O programa NeuroLearning é composto por uma equipa técnica multidisciplinar (neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos clínicos e professores) auxiliada por um corpo clínico com vasta experiência na avaliação, diagnóstico e intervenção com crianças (neurofisiologistas e neurologistas). Assim, a nossa equipa é dotada da experiência, tecnologia e recursos necessários para a avaliação clínica e técnica requerida para o diagnóstico bem como dispõe das ferramentas (sistemas de reabilitação cognitiva computorizados, software de Neurofeedback, equipamentos para intervenção em alterações neuromotoras e recursos para intervenção nas perturbações da linguagem) indicadas para o tratamento não-farmacológico desta perturbação.

Adicionalmente, a nossa experiência tem demonstrado que a combinação de tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos, permite uma melhor aquisição de estratégias cognitivas e comportamentais compensatórias com generalização à atividade quotidiana e, consequentemente, melhores resultados académicos.

Estudos recentes referem que o Neurofeedback (EEG-NFB) é um método que apoia na melhoria das dificuldades atencionais, através da aplicação de protocolos adaptados às necessidades individuais de cada paciente, e considerando o seu registo eletroencefalográfico. Em seguida, apresentamos um exemplo dos mapas topográficos comparativos (antes de neurofeedback e após 20 sessões), onde se podem constatar as alterações encontradas na atividade elétrica cerebral.

Neste caso, o paciente beneficiou, ainda, de sessões de Terapia da Fala e Terapia Ocupacional durante o processo.

imagen mapa
Mapa abaixo – Outubro 2021; mapa acima – Janeiro 2022

Acima verificam-se várias alterações da atividade cerebral, em especial, no hemisfério esquerdo, que dado as dificuldades do paciente antes das sessões, após a intervenção das mesmas, se traduziu em melhorias quanto ao seu comportamento (mais ativo socialmente, dinâmico, confiante e menos apático), além de que a nível da fala se notaram diversas alterações positivas, evidenciando melhorias no seu discurso e compreensão, assim como também evidenciou melhorias a nível do foco e atenção/concentração.

Recentemente, um estudo comprovou o benefício clínico associado ao recurso a sistemas de EEG, uma vez que permitem apoiar e fornecer aos profissionais que estão envolvidos na intervenção, informações sobre possíveis marcadores neurais e, por sua vez, auxiliar no planeamento da intervenção individual da criança com PHDA. Este mesmo estudo, remete para a possibilidade de aplicar treinos de neurofeedback, uma vez que aplica estas métricas de intervenção, em conjunto com a realização de tarefas relacionadas com a atenção, leitura e escrita, visando assim o apoio da técnica em dificuldades nesses mesmos contextos.

Ainda sobre direções terapêuticas além do Neurofeedback, outros estudos sustentam que realizar tratamentos que estimulam cognitivamente (ex.: treino cognitivo) e, que se baseiam em aumentar progressivamente a carga cognitiva (i.e.: aumento de dificuldade e tarefas), geram mudanças na atividade cerebral em crianças da frequência alfa em regiões posteriores, que consequentemente se relacionam com melhorias na atenção, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva.

As evidências sobre as intervenções no âmbito farmacológico e de treino cognitivo, revelam achados positivos em relação a alterações nas funções neurocognitivas. Recentemente um estudo verificou que em jovens universitários, a má qualidade de sono ou de quem sofre de perturbações do sono, têm propensão para que aumentem os sintomas da PHDA. Assim, é importante não só avaliar a qualidade de sono de quem sofre desta perturbação, como também analisar a abordagem e intervenção mais adequada tendo em conta estas análises, utilizando um bom diagnóstico diferencial o mais completo possível.

Por fim, em relação a outras intervenções que podem apoiar as opções de possíveis intervenções, um estudo com base em um método que apresenta diretrizes promissoras, a estimulação transcraniana de corrente direta (tDCS), mostrou que esta técnica parece amenizar alguns desfechos cognitivos e comportamentais de pacientes com a PHDA.

Assim, a tecnologia e a ciência continuam a evoluir e a dispor de alternativas para a intervenção, onde poderá encontrar diferentes opções junto da nossa equipa e dos nossos programas especializados como o NeuroLearning para uma intervenção mais individualizada e adequada ao seu filho(a).

A nossa equipa pode orientá-lo no diagnóstico, intervenção terapêutica e estratégias para colmatar as dificuldades de aprendizagem, geradas pela PHDA.

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Sobre o Autor

A NeuroVida é uma instituição médica de neurologia e neurociências, pioneira em Portugal, que presta atenção integrada e interdisciplinar de cuidados a doentes do foro neurológico e neuropsiquiátrico. 

A clínica conta com uma equipa de especialistas em diversas áreas interdisciplinares liderada pelo Dr. Lázaro Álvarez, neurologista e neurocientista com mais de 30 anos de experiência.

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