A Paralisia Cerebral (PC) Infantil é uma das perturbações neuromotoras mais predominantes e a causa de incapacidade mais frequente em pediatria. O programa NEUROJUNIOR dedicado a crianças com PC, foi desenhado para atender as necessidades de reabilitação motora e cognitiva destas crianças.
O acompanhamento de crianças com paralisia cerebral tem como objetivos melhorar a capacidade funcional, promover a autonomia e prevenir e/ou tratar complicações secundárias. De forma a alcançar estes objetivos é essencial uma abordagem multidisciplinar. Desde da Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Terapia da Fala ao acompanhamento por médicos neurologistas, pediatras, fisiatras, entre outros. Passando pela reabilitação física e cognitiva, tecnologias de apoio, cirurgia ortopédica para problemas osteoarticulares e o tratamento médico e cirúrgico das comorbidades.
Uma equipa multidisciplinar focada em melhorar a participação e qualidade de vida da criança em todas os domínios do seu desenvolvimento. A equipa NeuroVida recorre a uma abordagem centrada no paciente utilizando diferentes técnicas.
Relativamente às perturbações motoras, o controlo da espasticidade tem uma relevância estratégica na PC. Os músculos espáticos e a distonia induzem alterações da coordenação, força e controlo seletivo do movimento. A espasticidade também é responsável por deformidades osteoarticulares, dor e perda funcional. O tratamento de primeira linha para a espasticidade é a fisioterapia e a terapia ocupacional, a denervação seletiva com toxina botulínica, a rizotomia dorsal seletiva e/ou o baclofeno intratecal. A utilização de toxina botulínica é apoiada como tratamento adjacente à fisioterapia e terapia ocupacional no que diz respeito à redução da espasticidade (Multani et al, 2019). A rizotomia dorsal seletiva é um procedimento cirúrgico que também é eficaz na PC, pois melhora a capacidade de marcha e alcance do movimento. A administração de baclofeno intratecal é feita através de uma bomba implantável e é recomendada para pessoas com níveis de espasticidade extremos. Os fármacos “antiespásticos” (Baclofen, Tizanidina, Diazepam, Dantroleno e Clonazepam) não são tratamentos de primeira linha, mas podem ajudar no controlo dos espasmos e da distonia, contudo os seus efeitos podem ser limitados por reações adversas a doses moderadas ou altas. O alongamento dos tecidos moles tais como adutores e tendões, a cirurgia multinível do tornozelo e pé, bloqueio nervoso, transferências tendinosas e a estabilização articular são algumas das técnicas cirúrgicas mais utilizadas em pessoas com PC.
A perturbação do equilíbrio e do movimento também está muitas vezes presente nas crianças com PC, sendo estas funções necessárias para o desempenho das atividades da vida diária. A intervenção tradicional inclui a fisioterapia, terapia ocupacional, terapia de integração sensorial, terapia de restrição e o treino de marcha em suspensão. Na resposta às alterações do equilíbrio, o uso de técnicas de vibração do corpo inteiro e os exercícios de estabilidade de core também parecem ser eficazes.
As deformidades da anca e do tornozelo limitam a mobilidade e estão presentes em cerca de 1/3 das crianças com PC. Sendo mais frequente a presença de luxação ou subluxação da anca, degeneração da anca, tornozelo com deformidade equinovara, entre outras, que podem constituir uma severa limitação da marcha. Na maioria dos casos, os dispositivos ortopédicos (AFO) podem melhorar a mobilidade do tornozelo, o que é benéfico para melhorar a marcha da criança. Tipos específicos de AFO’s melhoram a estabilidade da articulação durante a marcha, em particular os HF-AFO, que melhoram os parâmetros de marcha e a conservação de energia em crianças com PC hemiplégica.
Relativamente às competências de motricidade fina e capacidades manipulativas, a terapia de restrição, o treino bimanual e a utilização de outras técnicas e métodos parecem ser a principal estratégia terapêutica.
As alterações na fala, comunicação, deglutição e oromotoras também devem ser objeto de intervenção imediata, integra e intensiva quanto possível e proporcional à magnitude destas.
Nas últimos guias de prática da Academia de Neurologia Americana para a reabilitação motora de indivíduos com Paralisia Cerebral ( Demont et al., 2022) foram feitas fortes recomendações a favor do treino de marcha, atividades físicas, e terapia intensiva bimanual como tratamentos de primeira linha para todas as crianças e adolescentes com paralisia cerebral e recomendações moderadas de eficácia para o reforço dos exercícios e órtotese do tornozelo para a deficiência motora dos pés e dos tornozelos. Ainda assim foram feitas recomendações contra o uso de mobilizações articulares passivas, alongamentos musculares, alongamento prolongado com o membro fixo, e terapias de neurodesenvolvimento para todas as crianças e adolescentes com paralisia cerebral.
Um outro guia de recomendações práticas para o acompanhamento da Paralisia Cerebral (Jackman et al., 2022) foi publicado um ano antes com 13 recomendações específicas que incluía uma forte recomendação para a intervenção na mobilidade, pois há uma elevada certeza de lesões por não intervenção. Sendo assim recomendada a caminhada em espaços abertos, treino em passadeira, HABIT-ILE (hand–arm bimanual intensive training including lower extremity), e treino focado no contexto; forte recomendação para a CIMT (terapia de restrição) e treino bimanual/HABIT e forte recomendação para uma intervenção orientada por objetivos e HABIT/ CO-OP(cognitive orientation to occupational performance).
Entretanto continuam a ser desenvolvidos novos métodos e tecnologias que merecem a nossa atenção, com fortes evidências favoráveis quanto à eficácia e segurança, nomeadamente a terapia de ondas de choque extra corporais para a espasticidade, a estimulação cerebral não invasiva (estimulação eléctrica ou magnética transcraniana), a realidade virtual e os treinos especializados com recurso a meios digitais (jogos terapêuticos, interfase cérebro computados ou neurofeedback) que ainda se encontram em fases experimentais, mas com um grande potencial de vir a aumentar o sucesso da intervenção terapêutica na Paralisia Cerebral.
Por fim, salientamos que em qualquer programa de intervenção na Paralisia Cerebral deve estar prevista o acompanhamento da epilepsia, osteoporose, alterações de processamento sensorial, sobretudo auditivas e visuais, alterações cognitivas e comportamentais e as dificuldades de sono, de forma a garantir a qualidade de vida destas crianças.
Na clínica NeuroVida, a criança e a sua família serão acompanhadas por profissionais especializados ao longo de todo o processo clínico. Poderá contar com uma avaliação aprofundada e cuidada, elaboração de um plano individual de reabilitação adequado às necessidades de cada criança/adolescente, e um tratamento exclusivo e personalizado, em parceria com a família.
O nosso centro de reabilitação motora em lisboa







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