A dificuldade persistente na funcionalidade do membro superior continua a ser uma das principais causas de incapacidade física pós-AVC. A fim de potenciar a recuperação destes pacientes, foi desenvolvido no Reino Unido o Programa de Neuro-reabilitação do Membro Superior de Queen Square, conduzido no Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia (Hospital Universitário de Londres).
Programa de Neuro-reabilitação do Membro Superior de Queen Square
Este programa proporciona uma reabilitação de alta-qualidade e alta-intensidade durante um período de 3 semanas, num total de 90 horas de reabilitação intensiva focada no membro superior, em pacientes em condição crónica (mais de 6 meses após o AVC). O tratamento tem como objectivo reduzir a incapacidade e promover a reeducação do controlo motor.
O coaching foi considerado um componente-chave do programa e usado em todo o processo, para incorporar novas habilidades nas rotinas diárias individuais. Como resultado, a confiança e participação dos pacientes aumentou, bem como a sua motivação para alcançar os objectivos desejados e manter essas alterações após o final do programa.
Este programa baseia-se na hipótese de que uma alta intensidade e frequência da neuro-reabilitação pode levar a grandes melhorias em pacientes com AVC em fase crónica, hipótese que se confirmou, nomeadamente numa diminuição do grau de incapacidade e aumento da actividade diária. Estes ganhos persistiram durante os 6 meses de follow-up.
O que dizem os especialistas da Neurovida?

“É de extrema importância iniciar a reabilitação do membro superior na fase aguda da doença, de forma a promover uma evolução funcional favorável e diminuir a dependência nas actividades da vida diária. No entanto, devido a comorbidades ou à permanência em hospitais não especializados na reabilitação após AVC, a reabilitação é apenas iniciada na fase considerada crónica, o que aumenta a hipótese de agravamento da dependência.
A reabilitação intensiva permite que se alcance a máxima potencialidade de reaprender ou ampliar a funcionalidade do membro superior. Para isso, torna-se necessário ensinar, estimular e orientar continuadamente, até que a pessoa se torne o mais independente possível.“

“O artigo comentado demonstra evidência clara de que a reabilitação intensiva em fase crónica pode resultar em ganhos clinicamente significativos. Contudo, é igualmente necessário aprofundar quais os factores que condicionam a variabilidade da resposta à reabilitação, de forma a ter um prognóstico individual quanto à potencialidade de recuperação, bem como as técnicas mais eficazes a utilizar
Os estudos actuais da fisiologia cortical e motora têm facilitado a prescrição pessoal destas terapias intensivas e a sua combinação com outras tecnologias capazes de potenciar a recuperação em fase crónica, nomeadamente, a estimulação cerebral não-invasiva.“
Saiba mais sobre a estimulação cerebral não-invasiva em casos de AVC:
1. Estimulação Magnética Transcraniana: uma poderosa aliada na reabilitação neurológica
2. Novas evidências confirmam efeito positivo da Estimulação Magnética Transcraniana na reabilitação pós-AVC
Conheça o nosso programa de reabilitação 360º para o AVC:
https://www.neurovida.pt/pt/servicos/programas/programa-neurotriad