Não existe actualmente uma cura para a Doença de Parkinson, no entanto, a reabilitação desempenha um papel fundamental na recuperação da qualidade de vida do paciente. No artigo de hoje iremos abordar as principais valências que intervêm no processo de reabilitação.
Fisioterapia: Movimento e Marcha
Foi realizado recentemente um estudo para comparar a progressão de pacientes com doença de Parkinson que foram tratados com fisioterapia e aqueles que não o foram. Participaram deste estudo um total de 1827 pessoas.
O resultado foi claro: os pacientes tratados com fisioterapia tiveram melhorias significativas na qualidade e velocidade da marcha. Os exercícios de fortalecimento mostraram melhorar a força e o equilíbrio muscular dos membros inferiores.
Marcha
Pacientes com doença de Parkinson perdem os sinais internos que activam o movimento, por isso são utilizadas estratégias específicas com base em sinais externos (pistas) com o propósito de compensar e permitir que a marcha seja restabelecida de forma geralmente eficaz.
Intervenção Motora Cognitiva
Recentemente, têm havido inúmeras experiências terapêuticas com intervenção motora cognitiva (IMC), que visa melhorar a marcha e o equilíbrio. Esta intervenção consiste simultaneamente num exercício cognitivo e numa tarefa motora. Os estudos mais recentes demonstram que a IMC é eficaz para a marcha e equilíbrio na Doença de Parkinson.
Terapia Ocupacional: Autonomia e Autocuidado
Existe um consenso na Europa e na América de que as melhores práticas de atendimento a pessoas com Doença de Parkinson devem incluir a Terapia Ocupacional, uma vez que a sua contribuição aumenta a autonomia e autocuidado dos pacientes.
As intervenções individuais são recomendadas para treino de Actividades da Vida Diária, e as intervenções em grupo são recomendadas para o desenvolvimento das capacidades de comunicação e socialização.
Terapia da Fala: Comunicação e Disfagia
As principais contribuições da Terapia da Fala são direccionadas para as perturbações de comunicação e deglutição presentes na Doença de Parkinson. As dificuldades na esfera comunicacional residem na presença de distúrbios da fala tal como hipofonia e dificuldade para iniciar a fala, entre outros.
Por sua vez, a disfagia envolve o risco de aspiração, pneumonia aspiracional, desnutrição e desidratação. A disfagia não responde completamente à medicação dopaminérgica, por isso deve ser tratada precocemente por um terapeuta da falta, no sentido de aumentar a força dos músculos de deglutição e respiração.
Treino cognitivo e Psicoterapia: Cognição e Emoções
A disfunção cognitiva e os distúrbios emocionais são frequentemente o factor mais limitante na qualidade de vida dos indivíduos com Doença de Parkinson uma vez que o comprometimento cognitivo é quase inevitável, e são também muito comuns a ansiedade, depressão, apatia, delírios e alucinações.
O uso da terapia cognitivo-comportamental tem demonstrado notável eficácia na depressão e ansiedade, aumentando a capacidade de lidar com a doença e melhorar a sua qualidade de vida.
Por sua vez, a cognição pode também ser melhorada através de intervenções não farmacológicas, nomeadamente, o treino cognitivo.
Treino Cognitivo
Esta tem demonstrado ser uma estratégia chave para retardar a evolução da doença de Parkinson para estágios pré-demenciais, uma vez que resulta num melhor desempenho cognitivo, nomeadamente na memória de trabalho e nas funções executivas, principalmente na velocidade de processamento da informação.
Também o treino com videojogos ou realidade virtual, além de agradável, alcança aspectos motivacionais e emocionais de forma a permanecer envolvido no programa de treino cognitivo, o que terá repercussões nos aspectos sociais e familiares. Até ao momento, ainda existem poucos estudos realizados, no entanto, as evidências são estimulantes.