Num esforço para dar voz a pessoas que não podem falar, neurocientistas da Universidade Emory, em Atlanta, Geórgia (EUA), testaram um dispositivo capaz de transformar sinais cerebrais em fala artificial. A 24 de Abril, o Nature Journal publicou a experiência com este dispositivo especial de descodificação de linguagem.
Durante as últimas décadas, muitas pessoas com condições neurológicas que causam graves défices motores e de comunicação, tornaram-se comunicadores eficazes devido à evolução de estratégias e tecnologias de comunicação aumentativa e alternativa, como os teclados adaptados, ecrãs sensíveis ao toque, rastreamento da cabeça, etc.
Contudo, o próximo passo nesta evolução tecnológica parecem ser as interfaces cérebro-computador (BCI, do inglês Brain Machine Interface), que levam a comunicação aumentativa para o próximo nível, fornecendo um método para seleccionar e construir mensagens, através de mudanças na actividade cerebral (que controlam o software de comunicação).
Os resultados desta experiência promovem a viabilidade clínica do uso de tecnologia neuroprostética da fala para restaurar a capacidade de comunicação, e são um passo importante para o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de traduzir a actividade neuronal em fala.
Ainda há um longo caminho a percorrer antes que a fala sintetizada seja facilmente inteligível e amplamente utilizada, mas esta experiência é uma prova de que é possível alcançar o objectivo a médio prazo – o que será transformador para todas as pessoas incapazes de se comunicar.