A perturbação obsessivo-compulsiva (POC) é uma doença bastante incapacitante, na qual os doentes relatam (geralmente após vários anos sem as referir em público) ideias recorrentes, intrusivas, associadas a um grande sofrimento psicológico, e que são muitas vezes difíceis de parar, a não ser através da realização de comportamentos específicos (por exemplo, lavar as mãos, contar numa determinada ordem, certificar várias vezes, dispor meticulosamente os objectos, etc).
Estudos recentes sobre o funcionamento cerebral parecem apontar para a existência de um circuito cortico-talâmico-estriado-cortical, sendo que será no trabalho em rede destas estruturas que surgirão determinadas doenças psiquiátricas como a POC e outras perturbações relacionadas com o controlo de impulsos[1].
A terapêutica farmacológica atualmente utilizada (associada frequentemente a psicoterapia) envolve antidepressivos relacionados com a recaptação de serotonina, muitas vezes em elevadas dosagens, pelo que têm sido procuradas outras medidas terapêuticas, direccionadas para áreas cerebrais específicas. A compreensão do circuito acima referido permitiu o desenvolvimento de novas estratégias para o tratamento desta doença[2].
As mais recentes investigações com recurso à estimulação transcraniana têm objetivado a melhoria do quadro geral do paciente. Apesar de ainda serem necessários mais estudos, este tratamento tem demonstrado o seu potencial para não só ajudar na melhoria clínica destas pessoas, como também melhorar a sua qualidade de vida, e com menos efeitos secundários[3–5].
Dr. Miguel Nascimento, Médico Psiquiatra