O tratamento dos episódios depressivos têm sido uma tarefa difícil para os psiquiatras, sendo focada quer em aspetos farmacológicos, quer não farmacológicos (psicoterapia, estruturação cognitiva, reorganização da situação social, entre outros). A farmacologia existente, apesar dos claros avanços que promoveu no tratamento destas pessoas, reveste-se ainda de alguns efeitos secundários indesejados, além de não garantir uma remissão completa dos sintomas em todos os casos.
O desenvolvimento de técnicas de neuromodulação
Ao longo dos anos, a comunidade científica tem pesquisado outras formas de tratamento, complementares ao uso de fármacos, e foram desenvolvidas novas estratégias (como a estimulação magnética transcraniana), não invasivas, sem necessidade de anestesia, e com uma quantidade de efeitos secundários francamente menor. A evidência crescente aponta para a sua eficácia, tendo sido já aprovada em vários países no tratamento da depressão refratária [1–4].
Uma arma terapêutica eficaz
Dado o crescente entusiasmo pela estimulação transcraniana, ao longo dos anos têm sido desenvolvidos protocolos procurando a maior eficácia deste tratamento, relativamente ao número de sessões, duração e intensidade. Apesar do tratamento estandardizado envolver cerca de 37 minutos para cada doente, têm sido testadas técnicas de duração bastante inferior (nomeadamente para doentes que não toleram estar sentados durante o tempo do tratamento) como a “theta burst stimulation” (que demora apenas 3 minutos), sendo que os estudos mais recentes têm apontado que a sua eficácia não será inferior à do tratamento habitual [5–8].
Claramente, um dos futuros do tratamento das perturbações depressivas deverá passar pelo desenvolvimento deste tipo de técnicas, tornando-as eficazes armas terapêuticas para as pessoas com esta patologia.
Dr. Miguel Nascimento, Médico Psiquiatra