Os neurocientistas têm demonstrado um interesse crescente na investigação de novas modalidades de tratamento não-farmacológicas e/ou não-invasivas, motivado pela esperança de poder tratar perturbações resistentes à medicação, ou casos em que, pela existência de outras condições clínicas concomitantes, os tratamentos convencionais não podem ser efectuados.
Uma vez que as alterações ao nível neuronal são uma importante componente de várias condições psiquiátricas, os métodos de estimulação cerebral não-invasiva (ECNI) são uma alternativa com bastante potencial, pela sua capacidade de modular a actividade neuronal.
De acordo com recentes investigações, tem sido encontrada nas perturbações de ansiedade uma disfunção ao nível da estrutura e funcionalidade das regiões pré-frontais e límbicas, sendo observada uma hipoactividade do córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo e uma hiperactividade do córtex pré-frontal dorsolateral direito.
Estes padrões atípicos podem contribuir para a exagerada resposta ao medo ou à percepção de ameaça, características fundamentais das perturbações de ansiedade.
Estudo publicado confirma a eficácia da ECNI em casos de ansiedade
Numa recente meta-análise de 27 investigações realizadas sobre a eficácia da ECNI no tratamento de perturbações de ansiedade, foram examinados dados relativos à estimulação magnética transcraniana e à estimulação transcraniana de corrente contínua em diferentes quadros de ansiedade, tais como fobias, ansiedade social, perturbação de pânico e perturbação de ansiedade generalizada.
De uma forma geral, os estudos demonstram que a estimulação do córtex pré-frontal pode reduzir a gravidade dos sintomas. Apesar destes serem ainda resultados preliminares, começam a crescer as evidências de que a ECNI é uma ferramenta eficiente e promissora para o tratamento das perturbações de ansiedade em adultos.