Método não-invasivo pode restaurar a sincronização entre regiões cerebrais associadas à memória de trabalho

O nosso cérebro seleciona e mantém informações durante curtas janelas de tempo, de uma forma essencial para raciocinar e aprender. É o que chamamos de memória de trabalho. Em jovens adultos, a memória de trabalho está ligada a interações neuronais específicas entre as regiões cerebrais frontal e temporal. Acredita-se que este processo envolve dois padrões de oscilação neuronal, ou ondas cerebrais – chamadas de ritmo gama e ritmo teta.

A sincronização das ondas teta (frequência de 4 a 7 oscilações por secundo) das áreas pré-frontais e temporais está ligada à memória de trabalho e pode facilitar as interações de longo alcance entre estas duas regiões. Parecem ser igualmente importantes as oscilações na frequência gama (superiores a 30 por segundo).

Com o avançar da idade, dá-se um encolhimento do lobo frontal e temporal medial (especialmente, o hipocampo) e as conexões entre esses lobos enfraquecem, tornando-se menos efetivas para comunicar e sincronizar as frequências teta e gama.

Pode a estimulação cerebral não-invasiva reverter o declínio?

De acordo com um estudo publicado na Nature Neuroscience, ontem (8 de Abril, 2019) e também divulgado pelo jornal Público e Financial Times, a estimulação cerebral não-invasiva com corrente fraca alternada (tACS) pode ajudar a reverter o declínio da memória de trabalho relacionado à idade – a capacidade de lembrar nomes, números e outras informações.

Robert Reinhart e John Nguyen, autores do estudo, usaram a tACS em 42 jovens adultos (com menos de 30 anos de idade) e 42 adultos com mais de 60 anos. Sem estimulação cerebral, o segundo grupo (+60) era mais lento e menos preciso em tarefas de memória de trabalho. No entanto, após 25 minutos de estimulação, a sincronização melhorou, bem como o desempenho dos sujeitos, de modo que as suas pontuações tornaram-se semelhantes ​​às do grupo mais jovem.

É claro que é necessária muita mais investigação antes que a tACS se torne num tratamento validado para problemas de memória de qualquer tipo, sejam declínios relacionados à idade ou sintomas de demência, contudo, ainda assim, este é um passo na direção certa.

Programa Psicotrend de Combate ao Declínio Cognitivo

A Dra. Joana Macedo, Neuropsicóloga na Clínica NeuroVida e responsável pelo programa de combate ao declínio cognitivo, confirma que tem utilizado a tACS em problemas de atenção e concentração, combinada com treino cognitivo, alcançando benefícios na reabilitação dos pacientes acompanhados.

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Sobre o Autor

A NeuroVida é uma instituição médica de neurologia e neurociências, pioneira em Portugal, que presta atenção integrada e interdisciplinar de cuidados a doentes do foro neurológico e neuropsiquiátrico. 

A clínica conta com uma equipa de especialistas em diversas áreas interdisciplinares liderada pelo Dr. Lázaro Álvarez, neurologista e neurocientista com mais de 30 anos de experiência.

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