A Perturbação de Pós-Stress Traumático (PTSD), comummente conhecida como Stress Pós-Traumático, pode desenvolver-se em resposta a uma vivência traumática, como por exemplo acidentes de viação, agressão física e/ou sexual, guerra, ou qualquer outra experiência que constitua trauma psicológico.
Esta perturbação é caracterizada por pensamentos intrusivos, pesadelos, estado constante de alerta, e evitamento de estímulos (situações, objectos, pessoas, sons, etc) que possam despoletar memórias associadas ao evento traumático.
As descobertas realizadas através de estudos de neuroimagem apontam para uma disfunção dos circuitos cerebrais, nomeadamente naqueles relacionados com a sensibilidade às ameaças, com a segurança, e a regulação emocional. O que inclui as áreas ligadas à memória episódica, atenção e vigilância, e as funções executivas.
Modular a actividade dos circuitos pode melhorar os sintomas?
A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), e outras estratégias de neuromodulação, têm vindo a ser estudadas no tratamento de várias perturbações psiquiátricas, principalmente em casos onde a sintomatologia não respondeu a outros tratamentos. Até à data, tem-se mostrado um método promissor no tratamento da Depressão Resistente, Perturbação Obsessivo-Compulsiva, na redução de sintomas positivos e negativos da Esquizofrenia, e na Perturbação de Ansiedade Generalizada.
Hoje gostaríamos de apresentar um resumo das evidências clínicas para o uso da EMT na PTSD, dado o progresso na compreensão dos circuitos neuronais envolvidos. Apesar de ainda serem necessários mais estudos, já existem várias investigações e meta-análises publicadas que demonstram a eficácia deste método.
A maior parte dos estudos mostram que a EMT pode reduzir com sucesso os sintomas da PTSD, uma vez que consegue intervir nos circuitos disfuncionais, aumentando a actividade do córtex pré-frontal dorsolateral, melhorando a actividade do sistema límbico, e reduzindo o excesso de hipervigilância associado a uma disfunção na rede de saliência (composta principalmente pela ínsula anterior e o córtex cingulado anterior dorsal).
Dado que várias recentes tecnologias permitem abordar circuitos disfuncionais de forma não-invasiva, os métodos de neuromodulação parecem, cada vez mais, ocupar um lugar central nas abordagens terapêuticas à PTSD no futuro.