“O que os olhos não vêem, o cérebro sente”
O fenómeno do membro fantasma refere-se a uma percepção vívida de que um membro amputado ou removido ainda está presente, geralmente causando a sensação de dor. Esta dor é particularmente difícil de tratar, em parte devido ao conhecimento incompleto acerca dos mecanismos envolvidos nesta doença.
Um grupo de cientistas liderados pela Doutora Sanne Kikkert, do Wellcome Centre for Integrative Neuroimaging da Universidade de Oxford, explorou o efeito da estimulação cerebral não-invasiva no alívio deste tipo de dor, em pacientes que sofreram amputações do membro superior.
Neste estudo, publicado recentemente (Novembro de 2018) na revista Annals of Neurology, os investigadores recorreram à estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) sobre o córtex sensoriomotor primário do hemisfério cerebral que controla o lado do corpo que sofreu a amputação.
Os resultados demonstraram que uma única sessão aliviou significativamente a dor do membro fantasma, com efeitos que duraram pelo menos uma semana. O efeito analgésico foi de 30-50%, semelhante ao efeito das terapias farmacológicas, o que sugere que o alívio alcançado através da ETCC é clinicamente relevante.
Estes dados demonstram uma correlação entre o alívio da dor e a diminuição da actividade do córtex sensoriomotor, o que confirma as descobertas anteriores que ligavam a dor fantasma ao aumento da actividade cerebral nesta região. Desta forma, fica aberto um novo caminho para o desenvolvimento de tratamentos para a dor do membro fantasma.