Novidades nas investigações sobre o restauro da locomoção após paralisia

No passado dia 20 de Setembro, a revista Nature divulgou uma investigação sobre o restauro da locomoção básica em ratos, através da reactivação de determinados circuitos neuronais.

Quando queremos caminhar, o cérebro transmite comandos através de vias neuronais paralelas que se conectam a centros executivos na região lombar da medula espinhal. Uma lesão da medula espinhal interrompe este sistema de comunicação altamente organizado, levando a défices severos na locomoção ou mesmo paralisia.

A maioria destas lesões poupa áreas de tecido que contêm fibras nervosas que permanecem conectadas aos centros executivos. Contudo, por razões pouco claras, estas conexões anatomicamente intactas permanecem funcionalmente inactivas.

Os investigadores (Chen e os seus colegas) propuseram-se a encontrar uma forma permanente de tornar estes circuitos funcionais após a lesão, injectando vários compostos conhecidos por modular a actividade neuronal, em ratos que sofreram lesões da medula espinhal.

Eles observaram que um dos compostos, uma molécula chamada CLP290, activa a proteína KCC2, que se encontra diminuída após este tipo de lesões. Ao aumentar a expressão da KCC2 nos neurónios, foi restaurada a funcionalidade dos circuitos.

É importante salientar que a CLP290 não produziu o crescimento de novas ligações neuronais. A recuperação foi desencadeada somente pelo (re)equilíbrio dos níveis de KCC2 nos circuitos existentes.

Este resultado, ainda que não tenha sido replicado em humanos (até ao momento), representa uma esperança e uma rota de investigação a ser explorada. Os autores predizem que o tratamento através da CLP290 poderá agir sinergicamente com o treino de reabilitação, e especialmente com a estimulação eléctrica da medula espinhal.

No final do artigo é possível ler-se que “estamos a chegar a um momento emocionante para a medicina, em que várias intervenções que têm um forte potencial sinérgico estão a aproximar-se da sua aplicação clínica”.

Fonte:
https://www.nature.com/articles/d41586-018-06651-3
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