A doença Bipolar é uma condição clínica grave que afecta 3 a 5% da população mundial, conhecida pelas alterações acentuadas do humor, com episódios de intensa depressão e outros de extrema euforia (mania), podendo ainda ocorrer episódios mistos, nos quais estão presentes tanto sintomas depressivos, como maníacos. Estes episódios prejudicam seriamente a vida das pessoas, interferindo na sua rotina pessoal, profissional e familiar.
Dependendo da gravidade dos sintomas e da sua duração, são geralmente distinguidos dois tipos de Perturbação Bipolar:
- Tipo I: A forma mais grave, caracterizada por episódios de mania e também por episódios depressivos
- Tipo II: Os pacientes têm essencialmente episódios de depressão e fases mais leves de euforia (hipomania)
Numa metanálise de 2016, que visava analisar a eficácia da Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) em episódios de depressão bipolar, pode ler-se que:
Apesar da existência dos episódios maníacos / hipomaníacos, os episódios depressivos constituem a fonte mais grave de sofrimento para as pessoas com doença Bipolar.
Lamentavelmente, existem poucos tratamentos comprovados para a depressão bipolar, e muitos pacientes não respondem a esses tratamentos, ou têm dificuldade em tolerar os efeitos secundários.
Esta realidade aponta para a necessidade urgente de serem desenvolvidos tratamentos novos, seguros, e eficazes. Até ao momento, já foi demonstrada através de inúmeras investigações científicas a eficácia da estimulação magnética transcraniana no tratamento da Depressão Major. Em relação à Depressão Bipolar, os autores da metanálise sugerem que a EMT pode ser uma opção de tratamento segura e eficaz para o tratamento da Depressão Bipolar aguda, embora os resultados das investigações sejam ainda de natureza preliminar.
Noutra revisão sistemática e metanálise publicada este ano (2018) na revista Neuroscience and Biobehavioral Reviews, é suportada a eficácia da EMT enquanto melhor técnica de estimulação cerebral não-invasiva para o tratamento de depressão major (unipolar) e depressão bipolar, por apresentar melhores níveis de evidência face a outras técnicas.
Em conclusão, a EMT para a depressão bipolar parece ser segura e bem tolerada, já realizada em clínicas nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, por exemplo. A evidência disponível até ao momento aponta a EMT como um tratamento possivelmente eficaz na fase aguda e a longo-prazo.