Algumas pessoas parecem ter uma tendência natural para ver o lado negativo quando confrontadas com uma situação de tomada de decisão. Uma investigação recente de um grupo de cientistas do MIT, publicada num número da revista Neuron deste mês (Agosto de 2018), identificou qual é a região do cérebro que pode estar a induzir o pessimismo.
Esta investigação centrou-se na área do cérebro onde nasce a ponderação negativa durante o processo de tomada de decisão – o núcleo caudado (uma estrutura dos gânglios da base*). Os investigadores estimularam o núcleo caudado com uma pequena corrente eléctrica, em macacos, e perceberam que os animais começaram a evitar a escolha que levaria à recompensa, quando, na ausência de estimulação, a teriam preferido – o que traduz que a tomada de decisão “pessimista” pode estar potencialmente ligada a um núcleo caudado hiperactivo.
Esta descoberta espera ajudar a direccionar os tratamentos para pessoas que sofrem de depressão e ansiedade – quadros onde a visão pessimista do mundo pode ser esmagadora e incapacitante. Particularmente, as técnicas de estimulação cerebral não invasiva podem ser uma solução para modular a actividade do núcleo caudado e suprimir o negativismo.
Um resultado interessante de uma investigação anterior, deste mesmo grupo de cientistas, demonstrou que, quando os animais estavam cronicamente stressados, apresentavam comportamentos de alto risco, sugerindo que as decisões de risco são tomadas sob a influência de stresse e ansiedade. Os investigadores levantaram a hipótese de que esta relação entre o stresse e as decisões de risco pode explicar o abuso de substâncias.
*Ann Graybiel, a autora sénior desta pesquisa, é uma reconhecida autoridade em Gânglios Basais.